quinta-feira, janeiro 27, 2005

Escutava uma música distante, desenraizada da sua origem, desprovida do ambiente que lhe deu significado, e hoje cada vez mais perto de um símbolo arqueológico. Quem a ouve sem saber onde ela nasceu, que ambientes preencheu, a que noites e estados de alma deu sentido, quem não a conheceu quando ela aconteceu, não a percebe hoje.
- As teclas do piano numa melodia que insiste em tocar a minha memória
Olho para o titulo da música, para o artista, ultrapassado, renegado pelo tempo. Hoje é vulgar, out of fashion, pop disco sound anos 70, ou uma outra etiqueta qualquer.
- e a melodia encontra caminhos dos quais já não me recoradava
O som que ouço não passa pelos ouvidos, passa pela emoção. Transporta-me a um mundo distante, em que o Inverno percebia-se pelo calor dentro de casa, e não pelo frio das pessoas, das ruas... Fecho os olhos, sinto de novo o coração da minha infância que bate ainda vivo, puro, ignorante do mundo lá fora, seguro de um amor maior, repousado num tempo infinito, de um sonho que não termina nunca. O futuro não existe, e o passado só existe como raiz do presente.