quarta-feira, abril 19, 2017

Catarse

A agonia do corredor de hospital. Eu a não querer pensar em nada daquilo, não fora ser real.
Não estou doente, nem numa cama de enfermaria sequer. E no entanto sinto algo cá dentro como que partido. Como um relógio que dá sinal de meio dia quando o sol insiste em estar para além do horizonte.
A agonia do corredor de hospital. Alguém despido de si, vazio da sua dignidade, sem humanidade.
- Não há-de ser nada, vai passar
Não sou eu, que disparate. Eu estou bem. Foi algo que comi com a mania da comida saudável.
E tudo à volta tão irreal. As mesmas pessoas todos os dias. Do quarto para o corredor para a sala para o quarto.
O vulto sem nome no corredor, um lençol desmaiado enrugado pela dor. A náusea contagiada em cheiro de morte um corpo que se desfaz de uma alma que estica os braços para uma réstia de nada.
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