quarta-feira, maio 24, 2006

A noite pesada avoluma a solidão em frente à televisão que preenche um silêncio oco. Já não espera nem o som do telefone, nem da porta. Nem o vento a visita para libertar o ar cheio de mofo. E no sofá decadente masturba ilusões e sonhos perdidos, amputada que está de sentir o ardor da vida.

terça-feira, maio 16, 2006

Da janela das águas furtadas avistava-se a cidade grávida de solidão. Na minúscula mesa encravada na sala, um pano de renda desconcertante derramava uma brancura gasta. Uma caixa de porcelana da feira do relógio, uma fotografia antiga. Alguns livros comprados a lote encadernam uma pequena estante que se encavalita junto à janela. Não se apercebe da sombra que habita, do equivoco de uma existência que apenas acumula a poeira do tempo que passa.