A inocência
O sol desvirginava a janela na moldura de uma tarde de Setembro maduro, em esforço derramado nos olhos amendoados de mel colhido nas pétalas que soltava o seu sorriso. As mãos apenas uma brisa de frescura que espia a pele de cetim dourada. Apenas o silêncio nos fazia companhia, visitada pela melancolia bucólica de uma calma imaculada. O tempo ainda não fora inventado, e tudo o que sabíamos era que a eternidade existia num momento de cumplicidade. Tudo era transparente na luz ténue filtrada pelo seu olhar, e era felicidade absoluta que experimentávamos, em estado tão puro, que convoca os anjos a murmurar uma quente brisa de fim de tarde em que nos aconchegávamos.
Era a água que chorava da nascente e em risos mudos se esvaia na corrente
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Tudo era inocência, para além de pecado, para além da dor. Esto era a minha crença Isto era o que acredito. Não eram palavras, mas sim a alma inteira despida que na tua verdade se banhava.