Ao longe uma casa
Da janela outrora fechada
abrem-se
asas
Convocam o verso do reverso,
o dia que olha o espelho da noite
Uma brisa
entra leve,
lenta,
quase imóvel como só a eternidade sabe
Em carícia derramada envolve o espaço
como a espuma das ondas
que ao longe confunde o mar com o céu
Uma luz
Claridade súbita espraiada no véu
com que a noite se veste de madrugada
Fechando os olhos, acordo
e só então vejo a alvorada renovada
que num beijo dissolve a escuridão
De olhos fechados distingues a noite do dia?
Desvanecida a janela
Indistinta a areia dos dedos que a seguram
de onde escorre
tempo
O silêncio declama palavras que adivinhamos sem as dizer
E debaixo da pele pulsa síncrona uma só voz