Epitáfio (parte 1)
Estava decidido em procurar-te. Precisava ver-te. Tantas palavras por dizer, tanto ruido disfarçado de silêncio. A manhã não tinha sido fácil, mas precisava ver-te. Não almoçou, mas foi ao seu encontro.
- Passei por aqui perto, e resolvi visitar-te (como quem vagueia sem rumo e toma um caminho qualquer; olha não tinha mais nada para fazer, e lembrei-me de te dizer olá)
O essencial continuava ancorado no mar que nos separava, apenas banalidades sobressaiam
- Como tens passado? O que tens feito? (Em que ponto ficámos, onde nos perdemos)
Caminhava feliz por estar a teu lado, mas faltava o principal. Pressentia uma marcha fúnebre. A derradeira caminhada. E apesar
- sinto a tua falta (quero estar contigo, chama-me, pede-me, exige-me)
Estava preparado para tudo, para responder a tudo, mas evitava as questões em mim próprio. Temia que não viesses, e assim não te procurei. Esperei. Esperavas. Não falei. Não disseste.E o tempo sepultou as palavras que aprisionavam o sentimento.
- Liga-me, para combinar-nos algo (um livro, o fim do mundo, um filho, um sonho, 5 minutos de tudo)
- Logo se vê (não a veria mais)